Com mais de um milênio de existência, a marchetaria continua a fazer parte do mobiliário atual com desenhos elaborados e efeitos ópticos surpreendentes. Conheça um pouco mais sobre esta técnica que é uma verdadeira arte!
Marchetaria, do francês marqueter, que significa embutir, é uma das formas mais antigas usadas pelo homem para dar um toque de arte ao mobiliário. Com seus primeiros registros datados por volta de 3000 a.C., na antiga Mesopotâmia, a técnica consiste na ornamentação de superfícies de móveis, painéis, pisos e objetos por meio da aplicação de diversos materiais, tendo como principal suporte a madeira. Assim, essa tradição milenar se traduz no corte, no encaixe e na colagem de pedaços de madeira de diferentes cores em padrões geométricos. A técnica, muito praticada e aprimorada pelos egípcios antigos, é encontrada em legados históricos incríveis, como o túmulo do rei Tutancâmon, em que todos os móveis são cobertos e ilustrados em marchetaria em pedras preciosas, ouro e marfim. A arte se disseminou pelo continente europeu, mas, com a queda do Império Romano foi quase esquecida no tempo, não fosse pelos artesãos da Toscana, Itália, em persistir fazê-la. A expressão artística seguiu evoluindo com os mestres italianos que retratavam em suas obras as paisagens do local. Durante a Renascença, a marchetaria foi muito utilizada para decorar igrejas e palácios. Já no século XVI, foi aplicada em muitos cabinets a partir de recortes de folhas de ébano. Entre os tipos mais utilizados, estão a tarsia geométrica – recorte de motivos geométricos para o revestimentos de móveis, caixas, mesas, cadeiras e outros objetos – e a tarsia a toppo – técnica de marchetaria maciça, que cria composições a partir de blocos, com espessuras e cores diferentes. Com o decorrer dos anos, a técnica evoluiu e, atualmente, a tecnologia dos maquinários permite cortes precisos e diferentes possibilidades de montagem, além do uso de materiais inusitados, como o metacrilato. Também é possível utilizar acabamentos por meio de métodos digitais, mas, apesar disso, muitos ateliês na Europa, América do Norte e Austrália se propõem a dar continuidade à antiga tradição do trabalho manual, produzindo peças minuciosas ou restaurando obras do passado, o que mantém a arte milenar da marchetaria viva e cada vez mais contemporânea.
Revestido em formas triangulares e contornos curvos, o armário Schermo, de Alessandro Mendini para Porro, combina três tipos de madeira – olmo, carvalho e acácia A Tectonic Silence Cube, da Rue Monsieur Paris, traz marchetaria com padrões geométricos, causando ainda ilusão de ótica por conta dos truques de perspectiva As mesas, da dupla francesa Ich & Kar, utilizam os novos métodos digitais para fazer uma releitura dos famosos triângulos de Penrose